O Labirinto do Fauno/Warner Bros/Divulgação |
BATENDO COM TODA FORÇA ONDE DÓI MAIS! - O
Labirinto do Fauno
— Quando a política fascista faz sua investida, o que nós devemos
fazer?
Refleti
bastante sobre isso após alguns eventos recentes, num popular programa de rádio
um jornalista de renome foi convidado para uma participação, oquei, até aqui
tudo normal, mas então, de surpresa, o programa trás outro jornalista, para
fazer o primeiro cara perder a linha, mas quem perde é o próprio provocador,
com transmissão ao vivo via internet Augusto Nunes dá um tapa na cara de Glenn Greenwald. No confronto de ideias
os fascistas sempre usam a força na tentativa de calar o interlocutor.
Deste
modo, com pensamentos entre fascista, fascismo e pessoas idiotas, me veio
na cabeça O Labirinto do Fauno, filme espanhol de fantasia, produzido, escrito
e dirigido por Guillermo Del Toro de Mutação e no elenco temos Ivana Baquero de
As Crônicas de Shannara, Doug Jones de Abracadabra, Sergi López de Coisas Belas
e Sujas. O filme nos mostra uma Espanha tomada pelo fascismo, durante a
ditadura de Franco, onde uma criança busca nos contos de fadas uma fuga para
seu dia a dia cruel, sem perceber que a fantasia é tão violenta quanto sua
realidade.
E
a realidade do filme nos faz refletir sobre a sociedade que se desenvolve no
Brasil, pois não bastando o evento ocorrido com os dois jornalistas, em uma
frase mal construída um membro da família bolsonaro defendeu
a volta de um aparato repressor da Ditadura Brasileira em entrevista a
jornalista Leda Nagle, uma frase absurda onde o mesmo reitera o
estilo da política rasteira que se constrói no Brasil e isso só me leva a
pensar:
— Quando a política
fascista faz sua investida, o que nós devemos fazer?
Enquanto
pensamos a respeito o inimigo se fortalece e isso assusta, em O Labirinto do
Fauno, o filme nos mostra bem a essência do pensamento Franquista pelo
antagonista do filme, Capitão Vidal, sendo uma continuação em
espirito do filme A Espinha Do Diabo: Ambos os filmes ambientam o enredo
fantasioso no contexto histórico da Guerra Civil Espanhola.
Contexto
histórico é a realidade que cerca determinado fenômeno e contribuí para o entendimento
do que está sendo observado, por exemplo para entender o fenômeno da
polarização política no Brasil, temos que ter o contexto de que vivemos em
uma democracia; Apesar de que ultimamente a expressão “polarização” vem
carregada de um contexto negativo, ela é necessária para a sobrevivência de uma
democracia, a polarização de ideias só é um problema dentro de um
regime fascista onde só há uma ideia para ser expressada: A repressão pelo
medo; Em O Labirinto do Fauno apesar da fábula buscar a consagração na
monarquia enquanto na realidade pessoas estão lutando por uma república
democrática, tanto Ofélia quanto os guerrilheiros buscam resistir ao
pertencimento forçado a determinada ordem. O filme desde seu inicio deixa
claro que seguira pelo tom dos contos de fadas, mas nada é açucarado para
paladares sensíveis, mergulhando desde o início na perspectiva dos olhos da
protagonista vemos um mundo lúdico e outro real, mas ambos monstruosos, cada um
deles filmados de maneiras distinta, a fim de que o conflito político não
interaja com o jogo proposto pelo fauno, em paralelo a fantasia se apresenta
sempre como uma resistência à realidade.
Cartaz por Chuck |
— Sem fantasia, sem historias inventadas, a vida fica mais
difícil.
Agora
veja, fora os ânimos exaltados e frases chulas o desgoverno brasileiro vem
trazendo um levante contra a cultura produzida no país diminuindo o Ministério da Cultura para uma simples pasta do Turismo, e um país sem cultura é um país sem educação,
sem educação não pensamos e se não pensarmos nós ficamos burros e quando burros
temos a tendência a ser fascistas.
Sendo
assim, quando a política fascista faz sua investida, o que nós devemos fazer?
Guillermo
Del Toro, com metade da filmografia feita para estúdios estadunidenses e a
outra metade para produtoras hispânicas, é um cineasta de imaginação e estética
singular, e aqui, como em outros trabalhos agride nossos olhos com imagens
fantásticas altamente estilizadas procurando imprimir uma marca própria e
evidenciar a violência do momento. A grande sacada de Guillermo em O Labirinto
do Fauno está no simples fato de que a fantasia não era a salvação, a fantasia,
como é de fato, era um refúgio e no final da narrativa a realidade oblitera a
fantasia trazendo um fatídico desfecho para a protagonista. Na morte ela se
conforta na fantasia para resistir a dor, se coroando princesa, mas apesar de
sentirmos a dor da perda Del Toro nos recompensa com uma cena catártica onde o
fascista de merda leva um tiro na cara, sendo suas últimas palavras “Diga ao
meu filho a hora que seu pai morreu” e sem um silenciador para transformar num
suspiro o disparo da arma, ele houve antes do trovão “Ele nem mesmo saberá o
nome do pai”.
O
Labirinto do Fauno é um ótimo filme, uma das melhores películas que já assisti,
um clássico do cinema espanhol e mundial que me faz lembrar que mesmo que os
fascistas estejam no poder jamais controlaram minha mente. Aliás sobre
a pergunta:
— Quando a política fascista faz sua investida, o que nós devemos
fazer?
Não
estou aqui para defender a violência, nem para que peguemos em armas e matemos
uns aos outros, mas quando a política fascista faz sua investida, nós temos que
responder a altura e fazer a mesma política: BATENDO COM TODA FORÇA
ONDE DÓI MAIS!
P.S: Deixo aqui um
episódio do podcast Chutanto a
Escada, onde o professor Acácio Augusto (Unifesp) fala do livro
“Antifa – o Manual Antifascista” de Mark Bray. Ouça e entenda porque
calar a boca de um fascista é o maior ato de defesa da liberdade que você pode
fazer hoje!
*
Se curtiu o filme, acesse: O Labirinto do Fauno
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