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Um Cobertor Quentinho Num Dia Frio: Turma da Mônica - Laços

Turma da Mônica - Laços/Paris Filmes/Divulgação
Um Cobertor Quentinho Num Dia Frio: Turma da Mônica - Laços
Como todo o MUNDO sabe, Turma da Mônica é uma série de histórias em quadrinhos criada por Mauricio de Sousa, a primeira publicação oficial vem de cinquenta e oito ou nove em tiras de jornal, na qual os personagens principais eram Bidu e Franjinha, a série começou a ganhar a identidade conceitual de agora com a criação de Cebolinha e Mônica entre sessenta e sessenta e três, onde passaram a ser os protagonistas juntos aos outros personagens e suas publicações especificas. E como todo mundo sabe também, todo brasileiro tem uma primeira memória pra contar em relação aos quadrinhos da Mônica, contudo, a memória mais antiga que eu tenho em relação a Turma da Mônica é o filme A Princesa e o Robô de mil novecentos e oitenta e quatro que hoje está disponível na íntegra, e de forma oficial, no Youtube, lembro que estava com medo pois minha irmã havia caído do seu triciclo e o guidom entrou na sua testa apesar de chocante não foi tão sério, meu pai ou minha mãe a levou para o hospital e eu fiquei em casa e minha mãe ou meu pai colocou o VHS de A Princesa e o Robô para me livrar do medo.

Mas ainda no quesito quadrinhos a principal forma de publicação desde setenta e na forma de revista, gibi ou almanaque, como preferir chamar, pois pra mim é tudo a mesma coisa e estes personagens já foram publicados por editoras como Abril, Globo e Panini, em dois mil e oito a turma da Mônica ganhou seu primeiro spin-off a Turma da Mônica Jovem inspirada no estilo manga de quadrinhos, e, já com quadrinhos a minha relação com a Turma da Mônica começou com a memoria mais fresca que tenho, a memoria é de um Almanaque que era bem pequeno, mas tinha um volume grande de paginas, o ganhei em noventa e oito, eu iria mudar de escola, casa e cidade, sem falar, claro, no estilo de vida, minha família iria sair da capital de São Paulo para o interior do estado e isso me apavorava, meu pai me deu o quadrinho da Turma da Mônica e o medo se foi. Durante as cinco horas e meia de viagem eu me perdi nas paginas do universo criado pelo senhor Mauricio e isso foi mágico.

Agora continuando um pouco mais sobre quadrinhos a Turma da Mônica tem gibis e outros produtos licenciados em mais quarenta países entre quatorze idiomas, sendo que a marca foi expandida para outras mídias ao longo dos anos de produção continua, em produtos como livros, brinquedos e discos, os finados CD-ROMs, diversos jogos e outros mais, tudo o que você pensar tem da Turma da Mônica, as revistas dos personagens são publicadas em outros países desde os anos oitenta como Monica’s Gang ou Monica and Friends em países de língua inglesa e Mónica y su Pandilla ou Mónica y sus Amigos nos países de língua espanhola. Turma da Mônica me acompanhou durante toda a minha formação, desde criança passando pela adolescência e juventude, também não me acompanhou apenas nos momentos de medo ela estava lá me aquecendo nos dias frios, o chocolate da Mônica estava lá quando eu estava com fome e os almanacões estavam lá me relaxando nos dias de nervosismo e assim por diante. 

Cartaz por Chuck
         Eu e a Turma da Mônica crescemos juntos, assim como os Estúdios Mauricio de Sousa cresceu desde a sua fundação, ele surgiu a partir da necessidade da criação de uma equipe de roteiristas para bancar a produção mensal de histórias para as revistas e tiras de jornal, deixando de concentrar a produção nas mãos do Mauricio de Souza, sendo assim, novos projetos puderam ser conduzidos, como os desenhos animados, licenciamento de personagens e venda de quadrinhos para o exterior como já foi dito, mas isso não se deu de forma rápida demorou até Mauricio de Souza largar o osso e deixar “outras pessoas brincarem com seus brinquedos”, sendo assim em dois mil e doze surgiu o selo Graphic MSP, projeto que traz releituras dos personagens da Turma da Mônica sob a visão de artistas brasileiros dos mais variados estilos e deste modo tivemos Turma da Mônica - Laços publicado em dois mil e treze, o romance gráfico foi escrito e desenhado pelos irmãos Vitor e Lu Cafaggi e conta a história da formação dos laços que unem a Turma da Mônica. O livro ganhou o 26º Troféu HQ Mix nas categorias Edição Especial Nacional e Publicação Infanto-Juvenil. E assim chegamos ao propósito deste texto, com o sucesso das Graphic MSP e com a necessidade da turminha alcançar novos públicos e se renovar enquanto produto e marca ganhamos o filme live-action Turma da Mônica - Laços que segue o péssimo vício das Graphics que é NOME DO PERSONAGEM HÍFEN ALGUMA COISA o que pra mim deveria ser apenas o ALGUMA COISA por exemplo Piteco - Ingá deveria ser apenas INGÁ, enfim, deixando o devaneio de lado, o filme foi produzido pela Mauricio de Sousa Produções e dirigido por Daniel Rezende de Bingo Os Reis das Manhãs, ele também já foi indicado ao Oscar logo no primeiro trabalho com Cidade de Deus (Melhor Montagem) e na real o único trabalho ruim no currículo desse cara é a série o Mecanismo, o roteiro do filme fica a cargo de Thiago Dottori de VIPs, e é estrelado pela encantadora Giulia Benitte, o ótimo Kevin Vechiatto, a carismática Laura Rauseo e o genial Gabriel Moreira. Todo o elenco vai muito bem no filme, pois o filme não exige muito deles, de todo o elenco entre crianças e adultos o destaque fica para Rodrigo Santoro que rouba a cena, não sei se pelo personagem ou pela liberdade que ele teve para atuar, mas ele deu um banho de atuação, rola uma interação bem bacana entre ele e o Cebolinha de um jeito mágico, lúdico e não “louco”, apesar de após o filme eu ter ficado com a sensação de o Cebolinha ser meio esquizofrênico.

O filme conta a história do dia em que Floquinho desapareceu, então junto de seus amigos Cascão, Magali e Mônica; Cebolinha tem de desenvolver um plano infalível para resgatar o seu cãozinho. Tanto o quadrinho Laços quanto o filme são muito bons, deixando claro que são obras distintas a Graphic vai por um caminho para contar a história e o filme vai por outro caminho, e isso é massa pra caralho. No cinema, acompanhado de mim mesmo, tive uma imersão gigantesca realmente mergulhei na narrativa, a obra sabe a que veio e deixa claro: É um filme infantil, sem nenhum apelo para o publico adulto. Entretanto, a falta de tensão acaba deixando a desejar mesmo emulando muito bem o estilo das narrativas das histórias em quadrinhos a película acaba ficando um pouco lenta e isso pode desagradar alguns espectadores e seguindo o mesmo erro que o diretor cometeu em Bingo ele não montou está película. Daniel Rezende não monta os filmes que dirige e, ao meu ver, ele dirige tão bem quanto monta e não pode deixar isso de lado apesar de desgastante.

O universo dos quadrinhos de Mauricio de Souza é gigante, por isso, Rezende não se limitou apenas a personagens que aparecem no quadrinho de Laços. Durante o filme, é possível perceber a inserção de diversos personagens deste universo como Aninha, Titi e Jeremias, Xaveco, Xebéu e Maria Cebolinha, Cranicola, Cascuda e Quinzinho, Seu Juca, Jotalhão e Papa-Capim, também é possível ver a participação de Sidney Gusman editor responsável pela Graphic MSP, Vitor e Lu Cafaggi e o próprio Mauricio de Souza, por isso divirta-se tentando encontrá-los.

Sendo assim, como pude elucidar no texto a Turma da Mônica esteve em muitos momentos da minha vida e o mais importante esteve nos momentos difíceis e isso não foi diferente na fase adulta, onde a poucos dias de contemplar o retorno de Saturno e completar os meus vinte e nove anos eu não estava muito bem, minha mente estava cheia de minhocas, meu peito estava cheio de angústia e minha alma fria e na estreia do filme Turma da Mônica - Laços pude ter a mesma sensação de conforto de antes e posso afirmar que o filme cumpriu seu objetivo, não só na construção de seus “laços” entre a turma, mas tudo no roteiro é muito bem colocado seguindo a risca o conceito da Arma de Chekhov, um sopro de genialidade do roteiro surge quando entre um dos diversos e rápidos Easter Eggs eles explicam o porque de apenas o Cebolinha andar de sapato e também o aclima criado pela direção de arte é muito bom, por exemplo as cores do bairro do Limoeiro são quentes e saborosas criando um lindo subúrbio brasileiro de interior e a temporal! O filme tem a responsabilidade de levar às telas personagens muito queridos e importantes da cultura brasileira, mas não somente adapta a estética cartunesca, o filme cria algo verossímil sem perder o essencial do universo de Mauricio de Souza e o resultado é surpreendente e encantador pois Turma da Mônica - Laços é como um cobertor quentinho em um dia frio. Aconchegante.
Aos envolvidos deixo meu muito obrigado.
Aos leitores deixo meu convite para verem a película.
*
Se curtiu o filme, acesse: Turma da Monica - Laços
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